Artigo 163
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Banda larga segue a passos curtos
Correio Braziliense - 16/08/2010
A internet avança rapidamente no país, mas ainda é
baixa a qualidade e alto o preço. Sem conseguir estender
à oferta de banda larga a posição de
liderança que ocupa na economia da América Latina, o
Brasil está, nessa área, atrás do México,
da Argentina e do Chile, países cuja rede é quase o dobro
da brasileira. Faltam cobrança enérgica da autoridade e
ações mais eficientes do governo, tanto para induzir a
melhora do serviço, avidamente procurado por parte cada vez
maior da população, quanto para proporcionar o acesso aos
mais pobres ou aos que habitam regiões remotas.
Nesse sentido, é animadora a decisão da Agência
Nacional de Telecomunicações (Anatel) de tentar definir
um padrão mínimo de qualidade, a começar da
velocidade realmente entregue ao consumidor. Mas esse é apenas
um dos problemas e não deve ser impossível encontrar
solução adequada, desde que se busquem entendimento e
parceria do governo com a iniciativa privada. Isso porque novos e
pesados investimentos são indispensáveis para a
remoção de limitações tecnológicas e
estruturais, típicas de país que, a bem da verdade, tem
relegado a infraestrutura a plano secundário. No caso das
telecomunicações, atrasos tecnológicos não
esperam para acontecer e costumam cobrar caro pelos descuidos.
Não vale a pena perder o passo nessa corrida.
Por sua vez, não se percebe avanço no anunciado
esforço governamental de proporcionar ou, pelo menos, provocar o
aumento da oferta de acesso à internet por banda larga a
preço acessível à população de baixa
renda. Afinal, três meses depois do decreto que o instituiu, o
Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), lançado com rompantes de
enfrentamento à iniciativa privada — acusada de má
vontade e de indisposição de deixar as supostas zonas de
conforto das concentrações de consumo —, continua
muito perto de onde estava. Nem mesmo foram definidas as metas de
atendimento e as primeiras cidades (além de 15 capitais) a serem
alcançadas. Como vai, o PNBL corre o risco de não ter
passado de pretexto para o renascimento da estatal Telebras, por
enquanto apenas candidata a cabide de empregos.
Se o calendário eleitoral não tem ajudado a acelerar o
processo de nivelamento do Brasil aos vizinhos que já
incluíram a maioria da população no mundo digital,
pelo menos pode e deve ser aproveitado para se colocar esse tipo
inclusão social nas preocupações dos
presidenciáveis. A esta altura, menos do que encontrar culpados
pelo atraso, o que importa, seja quem for o próximo governante,
é que, nesse campo, o Brasil não tem mais tempo a perder.
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